Trechos do livro O Poder do Agora, Eckhart Tolle, capitulo 2 que fala sobre a origem do medo
Enquanto
estivermos identificados com a mente, o ego rege as nossas vidas. Por
conta da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego
é muito vulnerável e inseguro e vê a si mesmo em constante ameaça. Esse é o
caso aqui, mesmo que o ego seja muito confiante, em sua forma externa.
Agora,
lembre-se que uma emoção é a reação do corpo à mente.
Que
mensagem o corpo está recebendo permanentemente do ego, o falso eu interior
construído pela mente? Perigo, estou sob ameaça. E qual é a emoção gerada por
essa mensagem permanente? Medo, é claro.
O
medo parece ter várias causas – tememos perder, falhar, nos machucar –, mas em
última análise todos os medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da morte
e da destruição. Para o ego, a morte está bem ali na esquina. No estado de
identificação com a mente, o medo da morte afeta cada aspecto da nossa vida.
Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente trivial ou “normal”, como a
necessidade de estar certo em um argumento e demonstrar à outra pessoa que ela
está errada, defendendo a posição mental com a qual nos identificamos, acontece
por causa do medo da morte. Se estivermos identificados com uma atitude mental
e descobrirmos que estamos errados, nosso sentido de eu interior baseado na
mente corre um sério risco de destruição. Portanto, assim como o ego, você não
pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram disputadas por causa disso e
inúmeros relacionamentos foram destruídos.
Uma
vez que não estejamos mais identificados com a mente, não faz a menor diferença
para o nosso eu interior estarmos certos ou errados. Assim, a necessidade
compulsiva e profundamente inconsciente de ter sempre razão – o que é uma forma
de violência – vai desaparecer. Você poderá declarar de modo calmo e firme como
se sente ou o que pensa a respeito de algum assunto, mas sem agressividade ou
qualquer sentido de defesa. O sentido do eu interior passa a se originar de um
lugar profundo e verdadeiro dentro de você, não mais de sua mente. Tenha
cuidado com qualquer tipo de defesa dentro de você. Está se defendendo de quê?
De identidade ilusória, de uma imagem em sua mente, de uma identidade fictícia?
Ao trazer esse padrão à consciência, ao testemunhá-lo, você deixa de se
identificar com ele. Sob a luz da consciência, o padrão de inconsciência irá se
dissolver rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder,
tão prejudiciais aos relacionamentos. O poder sobre os outros é fraqueza
disfarçada de força. O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição
agora.
O medo será uma companhia constante para qualquer pessoa que
esteja identificada com a mente e, portanto, desconectada do seu verdadeiro
poder, o eu profundo enraizado no Ser. O número de pessoas que conseguiram
alcançar o ponto além da mente ainda é extremamente pequeno, o que nos leva a
presumir que, virtualmente, todas as pessoas que você encontra ou conhece vivem
em um estado permanente de medo. Só o que varia é a intensidade. Ele flutua
entre a ansiedade e o pavor numa ponta da escala e um desconfortável, vago e
distante sentido de ameaça na outra. Muitas pessoas só tomam consciência disso
quando o medo assume uma de suas formas mais agudas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário