3 Vestindo o seu Poder: Três fases da mente e a meditação

terça-feira, 8 de abril de 2014

Três fases da mente e a meditação


Associação:
O pensamento comum, é o estado natural de nossa mente, é o pensar associativo, um pensamento leva a outro, sem qualquer direção de sua parte. O pensamento o leva por si a outro por causa da associação.
Você vê um cachorro atravessando a rua: no momento em que o vê, sua mente começa a pensar em cachorros. O cão o conduz, então, a mente faz muitas associações. Quando você era criança, tinha medo de um cão em particular. Esse cão vem em sua mente e sua infância também. Então os cães são esquecidos. E, apenas por associação, você começa a relembrar a infância, depois a infância continua ligada à outras coisas, e você se move em círculos.
Quando você estiver relaxado, tente voltar seus pensamentos para onde eles nasceram. Volte, volte os passos. Então verá que estava presente outro pensamento que o levou a este. E eles não estão relacionados logicamente, porque, como pode um cachorro, na rua, estar ligado à sua infância?
Não existe conexão lógica, apenas uma associação na mente -. Se eu tivesse cruzado a rua, o mesmo cachorro não me levaria à infância. Levaria à outra coisa qualquer. Em uma terceira pessoa levaria a outra coisa ainda. Todo mundo tem elos associativos na mente, em qualquer corrente, qualquer acontecimento, qualquer acidente o leva à corrente. Então a mente começa a funcionar como um computador. E
uma coisa leva à outra, outra leva ainda à outra e você fica assim, o dia todo fazendo isso.
Contemplação:
O pensamento torna-se contemplação, quando não acontece através da associação, mas é dirigido. Você está trabalhando em um problema particular e isola todas as associações. Você trata apenas daquele problema, você direciona sua mente. A mente tentará novamente escapar, por qualquer outro lado, para alguma associação. Você corta todos os atalhos. Dirige sua mente em apenas uma via.
- Um poeta contempla uma flor, então o mundo todo é suprimido e apenas essa flor e o poeta permanecem, e ele se move com a flor. Muitas coisas paralelas o atrairão. Mas ele não permitirá que sua mente se desvie. A mente se move em uma linha única, dirigida. Isso é a contemplação.
Concentração:
Concentrar-se é permanecer em um só ponto. Não é contemplação. Não é pensar, não é contemplar. Na verdade é estar em um só ponto, sem permitir que a mente se mova. No pensar, a mente se move como uma louca, no pensar comum. Na contemplação, o louco é conduzido, dirigido, não pode escapar para lugar nenhum. Na concentração a mente não tem permissão para mover-se, só pode ficar em um só ponto. A energia inteira, o movimento inteiro pára, fixa-se em um só ponto.
Meditação:
No pensar comum, a mente tem permissão para se mover para qualquer lugar; na contemplação, apenas para uma direção, todas as outras são eliminadas; na concentração, não tem permissão para mover-se nem mesmo em uma única direção. Pode-se concentrar em apenas um ponto. E na meditação, a mente nem é permitida. Meditação é “não mente”. Esses são os quatro estágios, pensamento comum, contemplação, concentração e meditação.
Meditação significa não mente, nem mesmo a concentração é permitida. A própria mente não tem licença para existir. Por isso é que a meditação não pode ser percebida pela mente. Até a meditação a mente tem acesso, um acesso aproximado. A mente é capaz de compreender a concentração. Mas não pode compreender a meditação. Na verdade, nela, a mente não é permitida de modo algum. Na concentração, a mente tem licença para existir num ponto único. Na meditação até mesmo esse ponto é retirado. No pensar comum, todas as direções estão abertas; na contemplação, apenas uma; na concentração, apenas um ponto está aberto, nenhuma direção; na meditação, até mesmo esse ponto não fica aberto, a mente não tem permissão para existir. O pensar comum é o estado de mente normal, a meditação é a possibilidade mais alta. A mais baixa o pensar comum, a associação; e a mais alta é a meditação - a não mente.
Como pode estados mentais auxiliar à chegar ao estado de não mente?
Você diminui sua mente aos poucos. É como se retirasse o móvel de uma sala, um espaço é criado aí, se você tirar mais móveis, mais espaço é criado. Então você retira todos os móveis, a sala toda se tornará espaço. Na verdade o espaço não foi criado pela retirada dos móveis, o espaço já estava aí: só que estava ocupado pelos móveis, quando você retira os móveis, nenhum espaço entra vindo de fora. Você retirou a mobília e o espaço foi recuperado, reivindicado. Bem no fundo, a mente é um espaço ocupado, repleta de pensamentos. Se você retira alguns pensamentos, o espaço é criado, ou descoberto, recuperado. Se continuar removendo seus pensamentos, aos poucos irá recuperando seu espaço. Esse espaço é a meditação.
É natural a mente querer nos dominar seguir sua própria direção, porém se desejamos alcançar a meditação, necessitamos discipliná-la, durante a contemplação ela tentará fugir muitas vezes, quando ela fugir, traga-a de volta, quantas vezes for necessário; na concentração também; no entanto, se persistirmos, ela se habituará à contemplação e à concentração e então a meditação surge.

OSHO, O Livro dos Segredos e Portal da Harmonia, Manual Prático de Meditação de João Fialho Neto

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