Associação:
O pensamento comum, é
o estado natural de nossa mente, é o pensar associativo, um pensamento leva a
outro, sem qualquer direção de sua parte. O pensamento o leva por si a outro
por causa da associação.
Você vê um cachorro
atravessando a rua: no momento em que o vê, sua mente começa a pensar em
cachorros. O cão o conduz, então, a mente faz muitas associações. Quando você
era criança, tinha medo de um cão em particular. Esse cão vem em sua mente e
sua infância também. Então os cães são esquecidos. E, apenas por associação,
você começa a relembrar a infância, depois a infância continua ligada à outras
coisas, e você se move em círculos.
Quando você estiver
relaxado, tente voltar seus pensamentos para onde eles nasceram. Volte, volte
os passos. Então verá que estava presente outro pensamento que o levou a este.
E eles não estão relacionados logicamente, porque, como pode um cachorro, na
rua, estar ligado à sua infância?
Não existe conexão
lógica, apenas uma associação na mente -. Se eu tivesse cruzado a rua, o mesmo
cachorro não me levaria à infância. Levaria à outra coisa qualquer. Em uma
terceira pessoa levaria a outra coisa ainda. Todo mundo tem elos associativos
na mente, em qualquer corrente, qualquer acontecimento, qualquer acidente o
leva à corrente. Então a mente começa a funcionar como um computador. E
uma coisa leva à outra, outra leva ainda à outra e você fica
assim, o dia todo fazendo isso.
Contemplação:
O pensamento torna-se contemplação,
quando não acontece através da associação, mas é dirigido. Você está
trabalhando em um problema particular e isola todas as associações. Você trata
apenas daquele problema, você direciona sua mente. A mente tentará novamente
escapar, por qualquer outro lado, para alguma associação. Você corta todos os
atalhos. Dirige sua mente em apenas uma via.
- Um poeta contempla
uma flor, então o mundo todo é suprimido e apenas essa flor e o poeta
permanecem, e ele se move com a flor. Muitas coisas paralelas o atrairão. Mas
ele não permitirá que sua mente se desvie. A mente se move em uma linha única,
dirigida. Isso é a contemplação.
Concentração:
Concentrar-se é permanecer em um só
ponto. Não é contemplação. Não é pensar, não é contemplar. Na verdade é estar
em um só ponto, sem permitir que a mente se mova. No pensar, a mente se move
como uma louca, no pensar comum. Na contemplação, o louco é conduzido,
dirigido, não pode escapar para lugar nenhum. Na concentração a mente não tem
permissão para mover-se, só pode ficar em um só ponto. A energia inteira, o
movimento inteiro pára, fixa-se em um só ponto.
Meditação:
No pensar comum, a mente tem permissão para se mover para qualquer
lugar; na contemplação, apenas para uma direção, todas as outras são
eliminadas; na concentração, não tem permissão para mover-se nem mesmo em uma
única direção. Pode-se concentrar em apenas um ponto. E na meditação, a mente
nem é permitida. Meditação é “não mente”. Esses são os quatro estágios,
pensamento comum, contemplação, concentração e meditação.
Meditação significa não mente, nem mesmo a concentração é permitida. A
própria mente não tem licença para existir. Por isso é que a meditação não pode
ser percebida pela mente. Até a meditação a mente tem acesso, um acesso aproximado. A mente é capaz
de compreender a concentração. Mas não pode compreender a meditação. Na
verdade, nela, a mente não é permitida de modo algum. Na concentração, a mente
tem licença para existir num ponto único. Na meditação até mesmo esse ponto é
retirado. No pensar comum, todas as direções estão abertas; na contemplação,
apenas uma; na concentração, apenas um ponto está aberto, nenhuma direção; na
meditação, até mesmo esse ponto não fica aberto, a mente não tem permissão para
existir. O pensar comum é o estado de mente normal, a meditação é a
possibilidade mais alta. A mais baixa o pensar comum, a associação; e a mais
alta é a meditação - a não mente.
Como pode estados mentais auxiliar à chegar ao estado de não mente?
Você diminui sua mente aos poucos. É como se retirasse o móvel de uma
sala, um espaço é criado aí, se você tirar mais móveis, mais espaço é criado.
Então você retira todos os móveis, a sala toda se tornará espaço. Na verdade o
espaço não foi criado pela retirada dos móveis, o espaço já estava aí: só que
estava ocupado pelos móveis, quando você retira os móveis, nenhum espaço entra
vindo de fora. Você retirou a mobília e o espaço foi recuperado, reivindicado.
Bem no fundo, a mente é um espaço ocupado, repleta de pensamentos. Se você
retira alguns pensamentos, o espaço é criado, ou descoberto, recuperado. Se
continuar removendo seus pensamentos, aos poucos irá recuperando seu espaço.
Esse espaço é a meditação.
É natural a mente
querer nos dominar seguir sua própria direção, porém se desejamos alcançar a
meditação, necessitamos discipliná-la, durante a contemplação ela tentará fugir
muitas vezes, quando ela fugir, traga-a de volta, quantas vezes for necessário;
na concentração também; no entanto, se persistirmos, ela se habituará à
contemplação e à concentração e então a meditação surge.
OSHO, O Livro dos Segredos e Portal da Harmonia, Manual Prático de Meditação de João Fialho Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário